terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Apostolado da Oração
   O Apostolado da Oração foi criado em pelo padre Antônio Patui, que, ao chegar a Toledo, ainda antes da criação da Diocese, percebeu a ausência de “gente de Oração”. Desta forma, iniciou uma caminhada de fé, de oração pelas vocações sacerdotais e de ação, levando a Palavra de Deus, aos mais necessitados.
   O começo de qualquer trabalho é muito difícil e desafiador, não foi diferente com o Apostolado da Oração. O povo ainda não tinha muito conhecimento de evangelização e o padre precisava de ajuda para a formação de grupos de oração e também para os trabalhos, desta forma veio como reforço ao padre Antonio Patui, o sacerdote Antonio Darius, da Congregação do Verbo Divino.    Para dar maior incentivo a este movimento, o padre convidou para fazer parte da equipe do Apostolado a senhora Rosa Assunta Formighieri, e outras mulheres como Amélia Gasperin Longhi e Verginia Dalla Costa Deparis. Esta equipe trabalhou e organizou na Diocese o Primeiro Centro do Apostolado da Oração.
   A primeira reunião foi feita em fim de outubro de 1947. Na ocasião o padre Antônio Patui e as senhoras que compunham a equipe iniciaram então a primeira novena do Apostolado da Oração, na primeira sexta feira de novembro daquele ano. Dona Rosa Formighieri foi nomeada primeira presidente do Apostolado da Oração na comunidade de Toledo.
Ainda em 1947, o padre Antonio Patui construiu uma igreja de madeira denominada Capela Cristo Rei. O trabalho da Igreja foi prosperando e com ele, também o círculo de participantes das celebrações e dos trabalhos pastorais e, consequentemente, o Apostolado da Oração.
   O Apostolado da Oração inseriu-se generosamente na Pastoral de Conjunto da Diocese, como Catequese, Pastoral da Criança, entre outras. Por isso é um Movimento Apostólico que reza e serve que ajuda e se dedica que se faz Escola de Oração e Apostolado em cada paróquia da Diocese acompanhando a caminhada da Igreja.
   O Apostolado da Oração tem raízes evangélicas, bíblicas, eclesiais, fundamentação teológica, oração e apostolado e suas linhas mestras estão alicerçadas sobre os seis pilares: O oferecimento diário; a vivência da Eucaristia; o culto especial ao Coração de Jesus; a devoção a Maria Santíssima, a co-Redentora; a sintonia com o Papa, o espírito eclesial; e a devoção ao Divino Espírito Santo.
   A vida apostólica do movimento está na formação sólida das zeladoras e zeladores, seja na dimensão espiritual como bíblica, litúrgica e apostólica. O Apostolado da Oração realiza reuniões mensais, retiros, tardes de formação, reflexão e palestras. E um aspecto identificador do movimento é a união da oração com a ação, o que propicia a fecundidade apostólica. O Apostolado da Oração atua nas bases com o objetivo de aprofundar a reflexão bíblica e teológica sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus.
   Também faz parte dos objetivos do Apostolado da Oração o despertar do espírito de oração, de fraternidade e de serviço ao próximo, principalmente entre os membros dos movimentos que são as zeladoras e as famílias zeladas. O Apostolado procura também incentivar e organizar nas comunidades a consagração das famílias ao Sagrado Coração de Jesus; e busca revitalizar a prática das primeiras sextas-feiras de cada mês, dando conteúdo de oração comunitária, enraizada na Bíblia e na Liturgia.
As metas de evangelização do Apostolado da Oração consistem em promover retiros espirituais, dias e tardes de formação, bem como levar a sério a reunião mensal, a hora santa e o programa apostólico e de vida espiritual do Apostolado da Oração. Também tem como meta a atenção especial aos enfermos e idosos.
   Dentre as 30 paróquias existentes na Diocese, o Apostolado da Oração conta com sua atuação em 28 paróquias e com aproximadamente oito mil associados participantes desse movimento.
Outro aspecto significativo deste movimento são as realizações dos congressos, sendo que neste ano foi celebrada a sexta edição. Os congressos são momentos fortes de espiritualidade e Celebração Eucarística que ajuda o grupo a crescer, que ajudam na formação dos membros, especialmente as diretorias e outras pessoas que trabalham nas lideranças para que este movimento caminhe cada vez melhor.
   Caracteriza-se atualmente como um desafio ao Apostolado da Oração a formação do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), que visa oferecer a espiritualidade do Apostolado da Oração centrada na Eucaristia, possibilitando aos jovens uma formação integral, ou seja, espiritual e humana, não só pessoal, mas sócio-comunitárias, acompanhando-os no amadurecimento da fé.
   Ser membro do Apostolado da Oração é sinal de que o amor do Sagrado Coração de Jesus tocou profundamente a vida da pessoa. O movimento é para todas as idades. Todos podem trabalhar para cultivar a comunhão: “Viver como Jesus, viver com Jesus”.
   Neste sentido é oportuno lembrar a mensagem do papa João Paulo II: “A nova evangelização, à luz do Sagrado Coração de Jesus, deve conscientizar o mundo de que o cristianismo é a religião da misericórdia, da esperança, do amor”. Participar do Apostolado da Oração ajuda a conservar a família digna e abençoada.

Assessor: Pe. Raulino Cavaglieri
Coordenadora diocesana: Pasquina CastellaniRua Presidente Kennedy , 1196
Fone(44) 3528-2276
85.935-000 - Assis Chateaubriand - PR

Demais membros da coordenação:Maria Luzia Nicioli - Assis Chat.
Fone: (44) 3528-2177
Assis Chateaubriand
Ilza da Silva Camar - Assis Chat.
Fone: (44) 3528-1443

Coordenações decanais
Decanato de Assis
Assessor:
Coordenadora:
 Maria Ivani de Paula Correa
Rua Santa Sé, 267 - Centro
Fone: (44) 3528-7974
85935-000 - Assis Chateaubriand - PR
Demais membros da coordenação:Pasquina Castellani
Paróquia Nossa Senhora do Carmo
Fone: (44) 3528-2276

Decanato de Palotina
Assessor:
 Pe. Carlos Amarante Machado
Coordenadora: Maria José dos Santos Pereira
Rua Sargento Edson Tales, 13
Cjto. Isack Vanin - BNH 2
Fone: (44) 3642-4179 - 45-3055-4226
85980-000 - Palotina - PR

Decanato de Rondon
Assessor:
 Pe. Amário Zimmermann
Coordenadora: Lucia Dresh
Av. Santa Maria, 285
Fone: (45) 3279-1508
85940-000 - Quatro Pontes - PR

Decanato de Toledo
Assessor:
 Pe. Raulino Cavaglieri
Coordenadora: Libera Zanela Martelo
Rua Dr. Mário Totta, 1642
Fone: (45) 3055- 4226
85900-020 - Toledo - PR
Demais membros da coordenação:Alda Lamermann
Rua Dr. Mário Totta, 825 - Vila Industrial
Fone: (45) 3378-2889
85920-020 - Toledo - PR
Sociedade do Apostolado Católico, SAC
SEMINÁRIO SÃO VICENTE PALLOTTI
Tendo em vista que Palotina foi fundada pelos padres Palotinos não é de se estranhar que desde o início de sua fundação, se tenha tido a intenção de criar um seminário, o que aconteceu em 1961, quando o padre Alberto Trevisãn, então superior provincial da Sociedade do Apostolado Católico (SAC - padres e irmãos Palotinos), em visita a Palotina, juntamente com os demais padres e com o pleno consentimento do então bispo diocesano, Dom Armando Cirio, foi lançada a ideia da construção de um seminário.
No ano seguinte, aos oito de dezembro de 1962, dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, foi dada a bênção da pedra fundamental, no local onde aconteceria a construção do futuro seminário. Como o projeto ainda não estava pronto, as obras só iniciaram quatro anos mais tarde, em 1966. Padre José Stefanello era o administrador da obra. A construtora responsável pela execução do projeto, depois de um tempo de trabalho decretou sua falência, fazendo com que as obras da construção fossem paralisadas.
Em meados de 1968 a Sociedade Vicente Pallotti assumiu todos os encargos da construção e reiniciou as obras encarregando o padre Pedro Reginato, auxiliado pelo irmão Beno Krein, para a administração e supervisão da obra. Com um grupo de mais ou menos uns 20 funcionários e com muitas pessoas da comunidade palotinense ajudando em espécie ou com dias de serviço e com muito trabalho o seminário ficou pronto em 1970.

A inauguração:Depois de concluída a obra, o povo foi convocado para a festa de inauguração. Contou com grande massa de povo, clero e autoridades civis. Em torno de 40 caravanas marcou presença, inclusive uma caravana vinda de Santa Maria (RS). Muitos padres vieram para a inauguração. Também foi muito marcante a presença de dois bispos. Dom Elizeu, bispo de Campo Mourão e dom Armando Cirio, bispo da Diocese de Toledo.
Um destaque especial também foi dado pela presença dos dois padres pioneiros de Palotina, padre Hermogênio Borin e o padre Rafael Pivetta acompanhado pelo casal padrinho do seminário, o senhor Valentim Rossato e esposa. Na ocasião discursaram o prefeito municipal, João Bortolozzo e o deputado estadual, Leopoldo Jacomell. Nesta oportunidade ingressaram 56 seminaristas. O primeiro reitor foi o padre Gervasio Pivetta que era auxiliado pelos padres Valmor Righi e Antônio Marin.
Assim descreve o padre Valmor Righi, ex-diretor do seminário: “No dia 10 de maio de 1970, depois de longa e intensa preparação espiritual, coordenada pelo padre Aquiles Redin, procedeu-se a solene inauguração do seminário. Nunca Palotina sentiu tão de perto a alegria de um desejo comunitário alcançado. Testemunha disso foi à presença maciça do povo de Palotina e das vizinhas localidades. No livro de crônicas se encontram dizeres do tipo: Dia maravilhoso! Nada melhor para uma festa. Desde cedo, rojões estouram dando a salva do despertar. Pessoas por toda parte dando os arremates nos preparativos. Tudo está em ritmo de festa. Faixas escritas, bandeiras, bandeirolas. É o seminário vestido de gala para a inauguração”.

Funções do seminário:Desde o início, o Seminário Vicente Pallotti cumpriu a sua função de formar jovens.
Até os anos de 1980 o número se manteve em torno de 60 jovens internos. Os estudantes que aqui ficavam internos vinham, em sua maioria, das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Além dos seminaristas, que eram os que ficavam em regime de internato, muitos outros jovens palotinenses também estudaram no seminário, uma vez que nas dependências do seminário sempre funcionou outros cursos como extensão dos colégios da cidade. Funcionou no seminário o Ensino Primário, Curso Normal, Curso Magistério, Técnico em Contabilidade. Também vale ressaltar que parte do prédio esteve alugada a partir de 1994, para o funcionamento do curso de Medicina Veterinária da UFPR.
A formação no Seminário São Vicente Pallotti passou por várias modificações. Durante 30 anos funcionou como seminário menor. Iniciou com o curso primário, depois o ginasial e de 1990 até 2000 só com o Ensino Médio.
No ano 2000 encerrou as atividades como seminário menor e cedeu espaço para o Postulado que funciona até hoje. O Postulado é um ano de formação intelectual espiritual e comunitária para os seminaristas que pretendem dar continuidade em sua caminhada vocacional no seminário maior. Nestes 38 anos de seminário por aqui já passaram 881 seminaristas.
Os seminaristas que estudaram em Palotina e foram ordenados padres: Padre Lino Baggio, padre Valdemar Munaro, padre Milton Munaro, padre José Luiz Tomio, padre José Vicente do Carmo, padre Sérgio Luiz Coldebella, padre José Battisti, padre Laurindo Zeni, padre Selvino Alves Ribeiro, padre Antônio F. Rodrigues, padre Nori Broch, padre Sérgio Petkowski, padre Edegar X. Ertel, padre Luiz Carlos da Costa Leite, padre Jocerlei José Tavares, padre Paulo Jair dos Santos, padre Silvio Danielski, padre Éderson Piloneto e padre Juliano Dutra. Além destes tem vários seminaristas cursando Teologia e Filosofia no Seminário Maior Palotino em Santa Maria (RS).
Os padres que trabalharam neste seminário foram: Padre Rafael Pivetta, padre Antônio Marin, padre Gervasio Pivetta, padre Valmor Righi, padre Elói Rogia (bispo de Borba-AM), padre Oscar Rogia, padre Marcos Miszewski, padre Erno Schlindwein, padre Valdir Besognin, padre Egide Coradini, padre Aldoir Ceolin, padre Casimiro Facco, padre Lino Baggio, padre Milton Munaro, padre Egidio Trevisãn, padre Senito Durigon, padre Sergio Luiz Coldebella, padre Valdemar Secretti, padre Selvino Alves Ribeiro, padre Antônio F. Rodrigues, padre Mário César do Amaral, padre Etelvino Savegnago, padre Clesio Facco, padre Paulo Höring Filho, padre João Bergamasco e padre Flávio Demarchi.

Sociedade do Apostolado Católico (SAC)
Reitor:
 Pe. Ailton Joaquim de Oliveira
Pe. Salvador Leandro Barbosa
Pe. Dorvalino Dotta
Rua 24 de Junho, 198 - Centro - Caixa Postal 189
85950-000 - PALOTINA - PR
Fone/fax: (44) 3649-5921
E-mail: seminario_palotina@hotmail.com
ailtonjoaquim@uol.com.br
UMA EXPERIÊNCIA MARCANTE NO SACERDÓCIO
Juliano Ribeiro Almeida

Tenho apenas 4 anos de sacerdócio; pouco, porém já o suficiente para me dar conta da infinita beleza desta vocação e da profunda importância deste ministério na vida das pessoas.
Um dos momentos mais fortes no apostolado para mim tem sido a celebração da Penitência. Certa vez, eu estava viajando de ônibus e, ao meu lado, ia uma senhora que, observando meu traje eclesiástico, descobriu que eu era um padre e me perguntou se eu poderia atendê-la em confissão. Eu me dispus a atendê-la assim que o ônibus fizesse uma parada para o lanche, já que em trânsito algumas pessoas poderiam nos ouvir.
Aquela senhora estava há 20 anos sem ir à Igreja; afastou-se por causa do alcoolismo e nunca mais se achou digna de entrar na casa de Deus. Depois de fazer uma rápida mas verdadeira e profunda confissão, eu recomendei que ela voltasse imediatamente a tomar a santa comunhão; ela me agradeceu e seguimos viagem.
Dois anos depois, eu estava celebrando a Eucaristia num dia de folga, na casa de praia de uns paroquianos, quando a tal mulher, que passava na rua, avistou-me, tomou a iniciativa de abrir o portão, entrou e se sentou para participar da celebração. Eu não me lembrava mais dela. Achamos estranha a atitude dela, mas a acolhemos na casa. Após a missa, ela veio beijar minha mão, pediu-me a bênção e se explicou. Ela me fez recordar do episódio da confissão no ônibus e disse: “Padre, vim agradecer-lhe por ter me atendido naquele dia em confissão, mesmo num local impróprio e ter, assim, me levado de volta para Deus. A partir daquele momento, encontrei forças em Deus para nunca mais voltar ao álcool, comecei a frequentar a Santa Missa e comungar; logo ingressei na Legião de Maria, comecei a participar de um círculo bíblico e hoje sou uma pessoa completamente diferente, reencontrei a paz e o sentido da vida”.
Percebi que o encontro pessoal que aquela senhora teve com o amor misericordioso de Deus não foi programado com antecedência; ele se deu como que no “cair em si” do filho pródigo da parábola. Foi um encontro humanamente considerado casual, mas providencial do ponto de vista da fé. Se meu caminho não cruzasse com o dela naquele dia oportuno, talvez ela não tivesse mais a oportunidade do retorno para Deus. Apesar de eu me sentir completamente indigno do sacerdócio que levo em mim, vi claramente quanto bem eu posso realizar como sacerdote, desde que eu deixe a graça de Deus me mover.
Meditando sobre este episódio, eu pude perceber algumas coisas importantes que levarei como aprendizado para toda a minha vida sacerdotal:
·         o padre não é um funcionário que presta serviço em algumas horas apenas; ele é sacramentalmente presença do Cristo pastor em tempo integral, em qualquer lugar em que esteja, em qualquer momento do cotidiano;
·         o caráter missionário da Igreja não pode se limitar à programação pastoral ou ao movimento paroquial; é urgente que as pessoas sintam o presbítero como alguém acessível, com quem podem contar sempre, alguém que vai lhes dar atenção e cuidado (ainda quando essa disponibilidade for difícil);
·         por mais que o próprio padre esteja cansado ou distraído, por mais que, no atendimento dos sofredores, nem ele mesmo esteja esperando seriamente alguma resposta do céu, os poderes espirituais dados por Cristo aos seus ministros têm altíssima eficácia e podem transformar vidas e salvar almas.
·         não é necessário fazer coisas grandes para realizar o sacerdócio de Cristo e alcançar o coração das pessoas; aliás, o ministério presbiteral não consiste tanto em fazer quanto em ser;
·         é conveniente e importante o uso de um traje que distinga o sacerdote na sociedade, não em vista de destaque pessoal ou prestígio e sim para tornar pública sua identidade, que está essencialmente a serviço dos fiéis.
                Ser sacerdote significa ter a garantia de uma existência cheia de razões de ser. Esta senhora me alertou quanto à responsabilidade da vocação que eu abracei. As maravilhas que Deus faz na Igreja por meio do sacerdócio ministerial são incontáveis. Diante de tudo isso, sinto-me impelido a afirmar, como São Paulo: “é pela graça de Deus que eu sou o que sou” (2Cor 15,10).
UMA EXPERIÊNCIA MARCANTE NO SACERDÓCIO
Juliano Ribeiro Almeida

Tenho apenas 4 anos de sacerdócio; pouco, porém já o suficiente para me dar conta da infinita beleza desta vocação e da profunda importância deste ministério na vida das pessoas.
Um dos momentos mais fortes no apostolado para mim tem sido a celebração da Penitência. Certa vez, eu estava viajando de ônibus e, ao meu lado, ia uma senhora que, observando meu traje eclesiástico, descobriu que eu era um padre e me perguntou se eu poderia atendê-la em confissão. Eu me dispus a atendê-la assim que o ônibus fizesse uma parada para o lanche, já que em trânsito algumas pessoas poderiam nos ouvir.
Aquela senhora estava há 20 anos sem ir à Igreja; afastou-se por causa do alcoolismo e nunca mais se achou digna de entrar na casa de Deus. Depois de fazer uma rápida mas verdadeira e profunda confissão, eu recomendei que ela voltasse imediatamente a tomar a santa comunhão; ela me agradeceu e seguimos viagem.
Dois anos depois, eu estava celebrando a Eucaristia num dia de folga, na casa de praia de uns paroquianos, quando a tal mulher, que passava na rua, avistou-me, tomou a iniciativa de abrir o portão, entrou e se sentou para participar da celebração. Eu não me lembrava mais dela. Achamos estranha a atitude dela, mas a acolhemos na casa. Após a missa, ela veio beijar minha mão, pediu-me a bênção e se explicou. Ela me fez recordar do episódio da confissão no ônibus e disse: “Padre, vim agradecer-lhe por ter me atendido naquele dia em confissão, mesmo num local impróprio e ter, assim, me levado de volta para Deus. A partir daquele momento, encontrei forças em Deus para nunca mais voltar ao álcool, comecei a frequentar a Santa Missa e comungar; logo ingressei na Legião de Maria, comecei a participar de um círculo bíblico e hoje sou uma pessoa completamente diferente, reencontrei a paz e o sentido da vida”.
Percebi que o encontro pessoal que aquela senhora teve com o amor misericordioso de Deus não foi programado com antecedência; ele se deu como que no “cair em si” do filho pródigo da parábola. Foi um encontro humanamente considerado casual, mas providencial do ponto de vista da fé. Se meu caminho não cruzasse com o dela naquele dia oportuno, talvez ela não tivesse mais a oportunidade do retorno para Deus. Apesar de eu me sentir completamente indigno do sacerdócio que levo em mim, vi claramente quanto bem eu posso realizar como sacerdote, desde que eu deixe a graça de Deus me mover.
Meditando sobre este episódio, eu pude perceber algumas coisas importantes que levarei como aprendizado para toda a minha vida sacerdotal:
·         o padre não é um funcionário que presta serviço em algumas horas apenas; ele é sacramentalmente presença do Cristo pastor em tempo integral, em qualquer lugar em que esteja, em qualquer momento do cotidiano;
·         o caráter missionário da Igreja não pode se limitar à programação pastoral ou ao movimento paroquial; é urgente que as pessoas sintam o presbítero como alguém acessível, com quem podem contar sempre, alguém que vai lhes dar atenção e cuidado (ainda quando essa disponibilidade for difícil);
·         por mais que o próprio padre esteja cansado ou distraído, por mais que, no atendimento dos sofredores, nem ele mesmo esteja esperando seriamente alguma resposta do céu, os poderes espirituais dados por Cristo aos seus ministros têm altíssima eficácia e podem transformar vidas e salvar almas.
·         não é necessário fazer coisas grandes para realizar o sacerdócio de Cristo e alcançar o coração das pessoas; aliás, o ministério presbiteral não consiste tanto em fazer quanto em ser;
·         é conveniente e importante o uso de um traje que distinga o sacerdote na sociedade, não em vista de destaque pessoal ou prestígio e sim para tornar pública sua identidade, que está essencialmente a serviço dos fiéis.
                Ser sacerdote significa ter a garantia de uma existência cheia de razões de ser. Esta senhora me alertou quanto à responsabilidade da vocação que eu abracei. As maravilhas que Deus faz na Igreja por meio do sacerdócio ministerial são incontáveis. Diante de tudo isso, sinto-me impelido a afirmar, como São Paulo: “é pela graça de Deus que eu sou o que sou” (2Cor 15,10).
LATIFÚNDIO E DIREITO À PROPRIEDADE

Juliano Ribeiro Almeida

A CNBB é uma das mais de 50 organizações e movimentos sociais que estão apoiando a campanha do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, que está propondo, um abaixo-assinado e um plebiscito de iniciativa popular sobre o limite da propriedade da terra no Brasil. O tema é polêmico, mas muito importante.

A Constituição de 1988 prescreve nos artigos 184 a 191 a política agrícola e fundiária. Está previsto pela Lei Magna brasileira um plano de reforma agrária, pelo qual a União deve desapropriar o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. O artigo 186 explica os requisitos para essa função social, mas não estabelece concretamente o limite de propriedade fundiária que se pode ter no país. O artigo 190 chega a dizer que “a lei regulará a aquisição ou o arrendamento”, mas não define esses limites. O que este plebiscito está propondo é que se insira um inciso V neste artigo 186, limitando em 35 módulos fiscais a propriedade rural como forma de “garantir a democratização do acesso à terra e a soberania territorial e alimentar”.

O módulo fiscal é uma referência estabelecida pelo INCRA que define a área mínima suficiente para prover o sustento de uma família de trabalhadores rurais. Este módulo varia de região para região, indo de 5 a 110 hectares: as áreas mais próximas das grandes cidades têm um módulo fiscal bem menor do que as áreas com pouca infraestrutura e acessibilidade. Caso a proposta de lei se efetivasse, o limite máximo de propriedade de terra no Brasil, variando de acordo com esses parâmetros geográficos, ficaria entre 175 e 3.500 hectares. Das mais de 5 milhões de propriedades rurais registradas no país, esse limite só alteraria as 50 mil maiores, que são latifúndios. O excesso seria desapropriado e destinado à reforma agrária.

A doutrina social da Igreja prega o direito universal à propriedade privada, mas ensina que este direito não pode ser ilimitado, e que a ele correspondem também deveres. Já que a terra é o meio básico de sustentação de um povo, sua posse não pode ser absoluta; isso significa que ninguém pode comprar o mundo inteiro, por exemplo, ainda que tenha dinheiro para isso. Se não houver limites para o direito de possuir terras, até mesmo a soberania de um povo fica ameaçada, pois alguns empresários podem ir acumulando territórios até possuir, por exemplo, todo um município ou todo um estado da federação!

A terra, assim como a água e o ar, são bens naturais, essenciais à vida humana sobre a terra. O direito de posse desses bens não pode seguir os mesmos critérios que os de quaisquer produtos comercializáveis. Para os católicos, “o latifúndio é intrinsecamente ilegítimo”, como afirma um documento do Pontifício Conselho Justiça e Paz, da Santa Sé (Para uma melhor distribuição da terra, n. 32), pois aumenta a desigualdade social e compromete a produção de alimentos. A Igreja Católica no Brasil convida todos os seus fiéis a participarem desta campanha. Saiba como no site www.limitedaterra.org.br.
BEM AVENTURADOS OS PACÍFICOS
Juliano Ribeiro Almeida (24 de janeiro de 2011)
O saudoso papa João Paulo II será beatificado no dia primeiro de maio próximo. Bento XVI, seu sucessor, que trabalhara com ele, como cardeal, durante quase todo o seu pontificado, e fora seu amigo particular, certamente sentiu os odores de santidade que, dizem, emanavam de Karol Wojtyla.
A Igreja, em sua sabedoria e experiência milenar, realiza uma minuciosa investigação na vida de uma pessoa que morra com fama de ter sido santa. Escritos, objetos pessoais, diretores espirituais, amigos, familiares, tudo é pesquisado para se compor um fiel relato do que tenha sido pelo menos a última década de vida terrena do candidato ou candidata.
Comprovadas as virtudes cristãs em grau heróico naquela pessoa, a Igreja submete o processo à providência divina, suplicando a Deus que se digne realizar um sinal milagroso que comprove Sua santa vontade a respeito daquele processo. Então os fiéis podem pedir particularmente graças especiais por intercessão daquele “servo de Deus”. Se alguma graça pedida, alcançada e testemunhada for comprovadamente sem qualquer explicação científica, é considerada um verdadeiro milagre, e segue-se com o processo.
No caso de João Paulo II, uma religiosa francesa foi totalmente curada de Mal de Parkinson, a mesma doença que o próprio Wojtyla carregou durante décadas. Sendo uma doença até agora absolutamente incurável, não havia qualquer outra forma de se justificar aquela mudança no quadro clínico senão atribuindo-a a uma intervenção do sobrenatural. Nesse caso, acreditamos, uma prova de que a alma do Servo de Deus João Paulo II não está na Igreja padecente que se purifica no purgatório, mas já está de fato na Igreja triunfante, no paraíso, contemplando a Deus, adorando-o face a face e podendo suplicar-lhe pela Igreja militante na terra.
João Paulo II não encerrou a sua atividade, não parou de fazer o bem; apenas pode fazê-lo mais plenamente estando no céu. Isso é a santidade: a capacidade de fazer o bem para além dos laços da morte, ilimitadamente. Sendo beatificado, Karol Wojtyla recebe da Igreja o título de “Bem aventurado” – ou “Beato” –, que equivale a uma autorização de culto público. Quer dizer que, a partir de primeiro de maio de 2011, a Igreja não mais reza pela alma de João Paulo II, mas, ao contrário, reza pedindo a intercessão dele junto a Deus. Seu nome entra, assim, nas ladainhas que o povo de Deus entoa.
Não se pode pedir publicamente a intercessão de um morto que não tenha sido beatificado. Não se pode invocar oficialmente, em nome da Igreja Católica, a intercessão de falecidos que ela não tenha primeiramente declarado bem aventurados. A partir da beatificação, prossegue-se com a causa, aguardando do céu mais um milagre, para que se possa passar ao último estágio, que é a canonização, isto é, a inscrição definitiva do bem aventurado na lista oficial dos santos e santas honrados maximamente pela Igreja com o culto de dulia, isto é, veneração. Que o Bem aventurado João Paulo II interceda pela Igreja que ele conduziu como bom pastor ao terceiro milênio. E que muitas graças sejam derramadas por Deus por sua intercessão. Afinal, quem já fez em vida terrena tanto bem a nós, como não nos faria ainda mais em vida eterna e plena?

Juliano R. Almeida é padre católico da diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES