domingo, 9 de janeiro de 2011

LÚCIFER - REBELOU-SE CONTRA DEUS E CRIOU O SEU PRÓPRIO REINO.

DEMÔNIO COMEÇOU CARREIRA COMO 'AGENTE SECRETO' DE DEUS, DIZ PESQUISADOR

Personagem é 'chefe do FBI' de Javé em livros do Antigo Testamento.
Para estudioso americano, papel continua valendo na Bíblia cristã.
Reinaldo José LopesDo G1, em São Paulo



Visão tradicional da queda de Lúcifer desenhada pelo ilustrador Gustave Doré no século 19 (Foto: Reprodução)


Qualquer cristão com um mínimo de formação religiosa é capaz de fazer um breve resumo da carreira do Diabo: originalmente um anjo poderoso, ele teria se rebelado contra Deus no princípio dos tempos, induzido Adão e Eva a cometer o chamado pecado original e, ainda hoje, estaria pronto a induzir a humanidade a fazer o mal, manipulando tudo e todos nos bastidores. O problema, afirma um livro que acaba de chegar ao Brasil, é que essa trama básica não estaria em lugar nenhum da Bíblia, mas teria sido montada por teólogos cristãos dos séculos 3 e 4, responsáveis por uma leitura um bocado criativa das Escrituras. Segundo essa visão, o Satanás bíblico não seria um rebelde contra Deus, mas uma espécie de "agente secreto" ou "chefe do FBI" divino, responsável por testar a lealdade dos seres humanos.


A tese polêmica está em "Satã - uma biografia" (Editora Globo), escrito por Henry Ansgar Kelly, professor emérito da Universidade da Califórnia em Los Angeles e autor de outros livros sobre a figura literária do Demônio. Kelly vai além da maioria dos outros estudiosos modernos da Bíblia, os quais, como ele, afirmam que as poucas aparições de Satanás no Antigo Testamento se referem a uma figura que é subordinada a Deus, e não inimiga do Criador. Para Kelly, no entanto, a situação não muda substancialmente nas menções ao Maligno no Novo Testamento. 



"O Satã no Novo Testamento deve ser percebido como tendo uma posição equivalente a um Primeiro-Ministro, ou um Procurador-Geral da República, ou diretor do FBI, e não mais diabólico do que muitos dos mais zelosos  representantes dessas posições aqui na Terra", escreve o pesquisador. A visão geral expressa nos Evangelhos e nos outros livros bíblicos do começo do cristianismo, segundo o autor, é que Satanás simplesmente toma gosto excessivo por suas funções de testador da humanidade, e por isso perde as boas graças de Deus, sendo expulso do Céu. 



Problemas de nomenclatura

Antes de chegar a esse ponto, porém, Kelly tenta entender as primeiras aparições do personagem no Antigo Testamento, as quais são um bocado complicadas por problemas de nomenclatura. É que a palavra hebraica satan e seu equivalente aramaico satanah (o aramaico, é bom lembrar, era a língua provavelmente usada por Jesus no dia-a-dia) podem simplesmente funcionar como um substantivo comum, que significa algo como "adversário".

"Adversário" de quem, a propósito? Um dos poucos exemplos em que "o satã" (e não Satã/Satanás, como nome próprio) aparece na Bíblia hebraica é o livro de Jó. Nesse livro bíblico, um humano de altas qualidades morais e comportamento correto, o Jó do título, perde sua família, seus bens e sua saúde por instigação "do satã", que sugere a Deus um teste para a fé de Jó.

"No livro de Jó, 'o satã' é simplesmente um membro do Conselho Divino, um dos servos de Deus cuja função é investigar os acontecimentos na Terra e agir como uma espécie de promotor, trazendo os malfeitores à justiça", explica Christine Hayes, professora de estudos clássicos judaicos da Universidade Yale (EUA). "Quando Javé se gaba de seu piedoso servo Jó, o anjo-promotor simplesmente pergunta, seguindo sua função, se a fé de Jó é sincera", diz ela. Em algumas traduções da Bíblia, em vez de ser designado como "Satã", esse personagem é simplesmente chamado de "o Adversário". Aparentemente, ele é visto pelo autor anônimo do livro de Jó como um dos "filhos de Deus" -- expressão que se refere aos anjos que formam a corte divina.  
No livro do profeta Zacarias, também no Antigo Testamento, a figura de Satã (que também pode ser traduzido como "o Acusador") reaparece, desta vez questionando diante de Deus a boa-fé o sumo sacerdote judeu Josué. Enquanto Satã funciona como promotor público, um outro anjo é o advogado de defesa, que consegue a absolvição do sumo sacerdote. As aparições satânicas na Bíblia hebraica se restringem a essas passagens -- a serpente que induz Eva e Adão a comerem o fruto proibido no livro do Gênesis nunca é explicitamente identificada com Satã. 

Licença para tentar

A situação e a personalidade do Diabo (palavra de origem grega cuja etimologia é a mesma do hebraico satan) mudam no Novo Testamento? A interpretação tradicional é que sim, mas Kelly tenta demonstrar que esse dado não é tão seguro quanto parece.

Primeiro, os Evangelhos e outros livros da parte cristã da Bíblia mostrariam que Deus delegou a Satanás a missão de testar a lealdade e a fé dos seres humanos, permitindo que ele tentasse Jesus no deserto ou levasse os apóstolos a fraquejar em seu apoio ao Messias. Isso também explicaria o costume de chamar o Maligno de "Príncipe deste mundo"  -- um poder delegado por Deus ao Tentador enquanto o plano divino não chegasse ao fim. Também não é traçada relação direta entre a serpente do Paraíso e Satanás pelos autores bíblicos cristãos, nem mesmo por São Paulo, que traça um elo entre o pecado de Adão e a salvação trazida por Jesus.

Em sua análise do livro do Apocalipse, Kelly afirma que a última parte dessa drama cósmico é a "demissão" de Satanás de seu papel de acusador na corte de justiça divina. No capítulo 12 do livro, lê-se: "Foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante de nosso Deus". Essa visão é apresentada como uma profecia para o futuro, de forma que a chamada queda de Satanás e dos anjos que o seguem não poderia ter acontecido antes da criação do mundo.

"Os fatos são incontornáveis: Satã permaneceu em sua posição como o Acusador Celestial dos humanos desde os tempos da visão de Jó e Zacarias. Ele tem continuado a exercer essa função desde o presente e continuará no futuro, adicionando cristãos à sua lista de acusados. Mas ele se excede em suas acusações, com o resultado previsto de que não haverá mais lugar para ele nos Céus", escreve Kelly. 

Nasce Lúcifer

Se essa é a interpretação correta dos dados sobre Satanás na Bíblia, de onde veio a história sobre a rebelião do anjo Lúcifer? Muito provavelmente da leitura que mestres dos primeiros séculos do cristianismo, como Orígenes de Alexandria (que viveu entre os anos 185 e 254 d.C.), fizeram da Bíblia, afirma Kelly.

O nome Lúcifer, ou "Portador da Luz", é só uma adaptação para o latim de Helel ben Shahar, ou "o Brilhante, filho da Aurora", termo poético usado pelo profeta Isaías no Antigo Testamento para se referir ao rei da Babilônia. Orígenes e outros pensadores cristãos, no entanto, interpretaram a passagem como uma referência à rebelião e à queda de um anjo poderoso, que teria se revoltado contra Deus por orgulho e, como vingança, levado Adão e Eva a pecar.


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FÉ E CIÊNCIA

 O que é fé?
"A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos." Esta definição é dada na Bíblia. Fé está presente no cotidiano de cada ser humano. Pode-se enumerar muitos exemplos de fé: a confiança que depositamos num amigo ou numa instituição, a certeza de que seremos capazes de vencer alguma etapa especial da vida, etc. A fé no Deus da Bíblia é exemplo de uma fé especialmente valiosa. Ela não é uma compilação de opiniões aceitas sem demonstração. Consiste de confiança e resulta em manifestações observáveis. A Bíblia explica isto da seguinte forma. "Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor. É pela fé que entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê. Foi pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus. ... Pela fé eles lutaram contra nações inteiras e venceram. Fizeram o que era certo e receberam o que Deus lhes havia prometido. Apagaram incêndios terríveis e escaparam de serem mortos à espada. Eram fracos, mas se tornaram fortes. Foram poderosos na guerra e venceram exércitos estrangeiros. ... Nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa." (textos bíblicos citados da Bíblia na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil).



O que é ciência?
Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais identificadas e testadas através do método científico. Com alguma frequência o método científico é confundido com a formulação de hipóteses e explicações plausíveis. Mas o método científico é um conjunto de regras básicas para o desenvolvimento de experimentos, verificações e testes a fim de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É baseado no uso da razão para juntar evidências observáveis, empíricas e mensuráveis. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos. Primeiramente o cientista propõe hipóteses para explicar certo fenômeno ou observação de interesse. Baseado em suas hipóteses, o cientista faz previsões e então desenvolve experimentos e verificações para testar suas previsões. Previsões não confirmadas levam à rejeição das hipóteses. Hipóteses não rejeitadas eventualmente podem ser consolidadas em teorias. Toda hipótese ou teoria deve necessariamente permitir a formulação de previsões e permanece constantemente sujeita a novos testes, podendo ser refutada à luz de nova informação experimental. Todo o processo precisa ser objetivo, para que o cientista seja imparcial na interpretação dos resultados. Outra expectativa básica do método científico é que todo o procedimento precisa ser documentado, tanto os dados quanto os procedimentos, para que outros cientistas possam analisá-los e reproduzi-los.
A função do cientista e da ciência é explicada por John Polkinghorne da seguinte forma: "Os cientistas são fabricantes de mapas do mundo físico. Nenhum mapa nos diz tudo o que poderia ser dito sobre um terreno particular, mas em uma determinada escala pode fielmente representar a estrutura existente. No sentido de uma verosimilitude crescente, de aproximações cada vez melhores da verdade sobre a matéria, a ciência nos proporciona um domínio cada vez mais firme da realidade física." (de Faith, science and understanding, Yale University Press, 2001)

TEXTO EM PEDRA FALA DE RESSURREIÇÃO DO MESSIAS DÉCADAS ANTES DE JESUS

Arqueólogos estudam obra apocalíptica atribuída ao anjo Gabriel, do século I a.C. 
Se interpretação for correta, esperança sobre Salvador ressuscitado era judaica.


Uma misteriosa placa de pedra que parece datar do século I antes de Cristo pode vir a mudar a percepção sobre as origens do cristianismo e revelar que os judeus, antes mesmo de Jesus Cristo, já acreditavam na chegada de um Messias que morreria e ressuscitaria após três dias. 



Isso é o que afirma o pesquisador Israel Knohl, assegurando que sua análise de um texto hebraico escrito nesse pedaço de rocha "poderá mudar a visão que temos do personagem histórico Jesus". "Esse texto pode constituir o elo perdido entre o judaísmo e o cristianismo, à medida que insere na tradição judaica a crença cristã na ressurreição de um messias", afirma o professor de estudos bíblicos da Universidade Hebraica de Jerusalém. 

A peça se encontra em mãos de um colecionador, David Jeselsohn, que vive em Zurique, na Suíça, e que declarou tê-la comprado em Londres, de um antiquário jordaniano. A peça procederia da margem leste do Mar Morto, na Jordânia.


 Arcanjo Gabriel

O texto em hebraico, de natureza apocalíptica, apresenta a "revelação de que o arcanjo Gabriel vai despertar o Príncipe dos Príncipes três dias depois de sua morte". O texto está escrito, com tinta sobre a pedra, em 87 linhas, e algumas letras ou palavras inteiras foram apagadas pelo tempo. A análise de Knohl consiste essencialmente em decodificar a linha 80, onde figuram os termos "três dias mais tarde" seguidos por uma palavra meio apagada que, segundo o professor, significa "vive". 

A paleógrafa (especialista em escritas antigas) Ada Yardeni é mais prudente no que se refere à palavra "vive". "A leitura do professor é plausível, apesar de a ortografia utilizada ser raríssima", afirma Yardeni, que publicou a primeira descrição da placa em 2007, na revista de história e arqueologia israelense "Cathedra". Outros pesquisadores também preferem não tirar conclusões tão radicais do texto descoberto e, inclusive, alguns duvidam de sua autenticidade. 

Por sua parte, o arqueólogo israelense Yuval Goren, especialista em descoberta de falsificações, afirma não ter "detectado nenhum indício de falsificação no texto da pedra". "No entanto, minha análise não se aplicou à tinta", enfatiza o diretor do departamento de arqueologia e culturas antigas da Universidade de Tel Aviv. Uma arqueóloga que pediu para não ser identificada expressou suas dúvidas sobre a autenticidade da peça.

 "Estranho"
"É muito estranho que um texto tenha sido escrito com tinta em uma placa de pedra e tenha ficado conservado até nossos dias. Para ter certeza de que não se trata de uma falsificação, seria preciso saber em que circunstâncias e onde exatamente a pedra foi descoberta, o que não é o caso", acrescentou. 

O professor Knohl deve apresentar nesta terça-feira (8) sua interpretação em um encontro em Jerusalém por ocasião do 60º aniversário da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto. "Se essa descrição messiânica está realmente lá, isso vai contribuir para desenvolver uma reavaliação da visão popular e da visão acadêmica de Jesus Cristo", comentou o jornal "New York Times". "Isso sugere que a história de Sua morte e ressurreição não era inédita, mas parte de uma reconhecida tradição judaica da época". 

EXEMPLAR MAIS ANTIGO DA BÍBLIA É COLOCADO NA INTERNET

 

'Codex Sinaiticus' foi escrito no século 4 e teve suas 1,4 mil páginas restauradas por especialistas.

Da BBC

Internautas poderão ver imagens de mais da metade do exemplar mais antigo da Bíblia. Estão disponíveis cerca de 800 páginas do pergaminho do século 4. (Foto: Biblioteca Britânica/Divulgação)


Cerca de 800 páginas do exemplar mais antigo da Bíblia foram restauradas e estão disponíveis para consulta na internet. 

Os visitantes poderão ver imagens de mais de metade do manuscrito Codex Sinaiticus, escrito em grego em folhas de pergaminho no século 4. 

O projeto envolveu especialistas da Grã-Bretanha, Alemanha, Egito e Rússia, e, segundo eles, apresenta muitas possibilidades de pesquisa no futuro. 

"O Codex Sinaiticus é um dos maiores tesouros escritos do mundo", afirmou Scot McKendrick, diretor de manuscritos ocidentais da Biblioteca Britânica, em Londres. 

"Este manuscrito de 1,6 mil anos é uma janela para se entender o desenvolvimento do início do Cristianismo, e se trata de uma evidência em primeira mão de como o texto da Bíblia foi transmitido de geração a geração", disse McKendrick. 

"A disponibilidade do manuscrito virtual para estudiosos de todo o mundo cria oportunidades para trabalhos de pesquisa conjuntos que não seriam possíveis até o momento." 

Segundo o especialista, a versão original do Codex Sinaiticus continha cerca de 1.460 páginas - cada uma medindo 40 cm por 35 cm. 

Por 1,5 mil anos, o manuscrito ficou preservado em um mosteiro na Península do Sinai, no Egito. Em 1844, ele foi encontrado e dividido entre Egito, Rússia, Alemanha e Grã-Bretanha. 

Acredita-se que o documento resistiu ao tempo porque o ar do deserto é ideal para a conservação do pergaminho, e porque o mosteiro permaneceu intocado por todos esses anos. 

Para marcar o lançamento do site www.codexsinaiticus.org, a Biblioteca Britânica está realizando uma exposição em sua sede, em Londres, que incluiu vários artefatos históricos ligados ao manuscrito.

http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1219687-6174,00-EXEMPLAR+MAIS+ANTIGO+DA+BIBLIA+E+COLOCADO+NA+INTERNET.html