terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Exercícios sobre império bizantino

Alta Idade Média: Império Bizantino e Islão 
1. Introdução
Após a queda do último imperador romano do ocidente, em 476, deposto pelos bárbaros germânicos, o Império do Ocidente deixou de existir. Não obstante, seu congênere oriental lhe sobreviveria por quase um milênio.
A sobrevivência do Império Romano do Oriente, ou império Bizantino (de Bizâncio, antigo nome de Constantinopla), pode ser explicada pela manutenção das as do comércio internacional nas mãos dos bizantinos e ela preservação de Constantinopla como um dos terminais das rotas procedentes da Ásia. Apesar da expansão islâmica, responsável por uma considerável redução de eu território, o Império Bizantino logrou manter sua importância econômica, O comércio propiciava-lhe as rendas necessárias à manutenção de um exército ainda expressivo.
Após as invasões bárbaras, o Ocidente latino foi parcialmente germanizado, ao passo que o Oriente permaneceu apegado à cultura grega e ao orientalismo.
2. O governo de Justiniano: o apogeu do Império Bizantino
O Império Bizantino atingiu o auge de seu esplendor com Justiniano (527-565). Ambicioso, aliado à camada mercantil, empreendeu a reconquista do antigo Império Romano do Ocidente. Para tanto, organizou um grande exército e uma poderosa frota.
As conquistas de Justiniano objetivavam preservar as bases econômicas do Império do Oriente e restaurar a unidade do Império Romano. As relações comerciais entre as cidades do contorno mediterrâneo foram ativadas a partir das vitórias do general bizantino Belisário, que dominou o Egito e sua enorme produção de trigo. O avanço militar prosseguiu sob a chefia de Belisário e de outro general competente, Narsés, que destruíram o Reino dos Vândalos norte da Africa) e o Reino dos Ostrogodos (Itália) e ocuparam seus territórios. O limite máximo da reconquista bizantina foi o sul da península Ibérica, tomado aos visigodos.
Mas a manutenção de tão formidável império exigia grandes sacrifícios. Por outro lado, as vitórias no Ocidente foram comprometidas por algumas derrotas ante os persas, nas fronteiras orientais. Conseqüentemente, após a morte de Justiniano, o Império Bizantino viu-se forçado a abandonar gradualmente as regiões conquistadas, perdendo inclusive territórios que lhe eram próprios, seja no Oriente Próximo (para os árabes), seja na península Balcânica (para os eslavos).
3. O Código de Justiniano
Justiniano preocupou-se com a codificação do Direito Romano. Nasceu assim o Corpus Juris Civilis, elaborado por uma comissão de juristas nomeados por Justiniano. Nesse monumento jurídico, toda a legislação romana foi revista, corrigidas as omissões e suprimidas as contradições. O jurista Triboniano dirigiu os trabalhos, que resultaram na edição de um Corpo de Direito, dividido em quatro partes: Digesto, Institutas, Novelas e Pandeclas. Essa obra sobreviveu ao Império Bizantino, servindo de base para quase todas as legislações modernas.
4. A Revolta Nika
No reinado de Justiniano ocorreu uma importante revolta popular, como reflexo da exploração econômica e opressão a que eram submetidas as camadas inferiores. O pretexto para a insurreição surgiu no Hipódromo de Constantinopla, onde os bizantinos acompanhavam com apaixonado interesse as disputas entre as equipes dos Verdes e Azuis.
A proclamação de uma vitória duvidosa, em uma das corridas, desencadeou um tumulto que logo se transformou em rebelião. Os insurretos marcharam contra o palácio imperial aos gritos de Nike! (“Vitória!”); daí o nome dado à sedição. O movimento foi esmagado graças à energia da imperatriz Teodora.
5. A religião no Império Bizantino
No Império Romano do Oriente, a autoridade temporal (isto é, política), exercida pelo imperador, sobrepunha-se à autoridade espiritual (isto é, religiosa) do patriarca de Constantinopla, o que resultava na submissão da Igreja ao Estado (cesaropapismo).
O Império Bizantino teve uma efervescente vida religiosa, em que as disputas doutrinárias eventualmente chegavam ao extremo da guerra civil. Justiniano defendeu de forma irredutível a ortodoxia cristã, combatendo com firmeza as duas heresias que lhe foram contemporâneas: no Ocidente, o Arianismo; no Oriente, o Monofisismo (este último apoiado pela própria imperatriz Teodora, esposa de Justiniano). Ambas heresias negavam a existência em Cristo de uma dupla natureza — divina e humana.
Retrato da Imperatriz Teodora
A imperatriz Teodora, que exerceu grande influência no governo de seu esposo, Justiniano.
No século VIII, irrompeu em Constantinopla o movimento iconoclasta. Seu inspirador foi o imperador Leão III, que proibiu o culto das imagens e ordenou que elas fossem destruídas. Os defensores do culto sofreram violentas perseguições, mas as imagens acabaram sendo reentronizadas nas igrejas.
Com o passar do tempo, tomou-se cada vez mais difícil ao papa (bispo de Roma) impor sua autoridade sobre a Igreja do Oriente. A crise atingiu o clímax em 1054, quando o patriarca de Constantinopla, com o apoio do imperador bizantino, recusou-se oficialmente a continuar acatando a autoridade papal. Essa ruptura, conhecida como Cisma do Oriente, deu origem à Igreja Católica Ortodoxa, cuja doutrina é basicamente idêntica à da Igreja Católica Romana, embora haja diferenças no ritual e na organização eclesiástica.
6. A crise do Império Bizantino
Os sucessores de Justiniano mostraram-se incapazes de sustentar sua herança. Além das dissensões religiosas, os conflitos políticos e os golpes palacianos dilaceravam o Império. As conquistas ocidentais foram aos poucos abandonadas. A corrupção administrativa grassava; o caos econômico ameaçava instalar-se.
Heráclio (610-641) foi o último grande imperador bizantino. Quando ascendeu ao poder, os persas haviam invadido a Síria, capturado Jerusalém e conquistado o Egito, comprometendo as rotas comerciais e as fontes de suprimentos dos bizantinos. Heráclio assumiu a ofensiva e retomou as áreas perdidas, empurrando o inimigo para trás do rio Eufrates.
Depois de Heráclio, o Império Bizantino iria viver uma longa agonia. No século VII, a expansão árabe sacudiu o Oriente Médio, com o pavilhão do Crescente submetendo as regiões compreendidas desde a Pérsia até ao Estreito de Gibraltar. A Palestina, a Síria e a África do Norte foram definitivamente perdidas. Enquanto isso, as migrações eslavas provocavam turbulências nos Bálcãs e os búlgaros estabeleceram-se ao sul do Danúbio.
Os séculos seguintes assistiram à luta de Constantinopla para sobreviver. Búlgaros, árabes, turcos seldjúcidas e mongóis encarniçaram-se contra o Império em crise, mas’ cuja capital ainda conservava uma incrível vitalidade econômica. Em 1204, os cavaleiros da Quarta Cruzada saquearam a cidade e fundaram um efêmero Império Latino do Oriente. Mas o Império Bizantino ainda conseguiu superar mais essa vicissitude, embora cada vez mais debilitado.
O fim veio em 1453, quando os turcos otomanos, dirigidos pelo sultão Maomé II, finalmente conquistaram a legendária Bizâncio. O último imperador, Constantino XII, pereceu enfrentando o inimigo.
7. Conclusão
A sobrevivência do Império Bizantino por todo o período medieval manteve de pé o baluarte cristão no Oriente, a despeito dos ataques de persas, muçulmanos e eslavos.
A atividade dos barcos e mercadores bizantinos garantiu para Constantinopla um esplendor invejável, com um fabuloso tesouro artístico constituído de templos, pinturas, esculturas e mosaicos. Foi ainda o Império Bizantino que preservou grande parte do acervo cultural greco-romano. Destarte, o Império Romano do Oriente constitui a grande ponte entre a Antigüidade e os Tempos Modernos.
Catedral de Santa Sofia em Constantinopla
Interior da Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla.


Questões:

01. Defina o movimento iconoclasta, ocorrido no Império Bizantino.


02. (FUVEST) Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que não concorreu para a difusão da civilização bizantina na Europa Ocidental:

a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla.
b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica.
c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis.
d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas.
e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos mares Egeu e
Negro.


03. Justiniano (527 - 565), no Império Romano do Oriente, enfrentou diferentes dificuldades internas, inclusive nas relações entre a Igreja e o Estado, devido a heresias como a dos monofisistas. Estes, entre outros princípios:

a) pretendiam a destruição de todas as imagens;
b) negavam a natureza humana de Cristo;
c) defendiam o conhecimento de Deus inspirado no misticismo;
d) admitiam o dualismo de inspiração budista;
e) acreditavam na reencarnação das almas em corpos animais.


04. (PUC) Em relação ao Império Bizantino, é certo afirmar que:

a) o governo era ao mesmo tempo teocrático e liberal;
b) o Estado não tinha influência na vida econômica;
c) o comércio era sobretudo marítimo;
d) o Império Bizantino nunca conheceu crises sociais;
e) o imperialismo bizantino restringiu-se à Ásia Menor.


05. Sobre o Império Bizantino, considere as afirmações abaixo se são verdadeiras ou falsas:

(    ) Constantinopla, a "Nova Roma" de Constantino, foi fundada para servir como capital do Império.
(    ) Sua localização geográfica era péssima, descampada por todos os lados, facilitando as invasões.
(    ) O grande imperador de Bizâncio foi Justiniano, de origem humilde, mas protegido por seu tio, o
imperador Justino.
(    ) No Corpus Juris Civilis, Justiniano organizou uma compilação das leis romanas desde a República
até o Império.
(    ) Com o objetivo de reconstruir o Antigo Império Romano, Justiniano empreendeu campanhas militares
conhecidas pelo nome genérico de "Reconquista".


Resolução:

01. O movimento iconoclasta caracterizou-se como um longo conflito religioso iniciado pelo imperador Leão III, o qual proibiu o uso e ordenou a destruição das imagens existentes nos templos. Não obstante, a veneração das imagens foi restabelecida mais tarde.
02. B03. B04. C05. V F V V V




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