sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Juíza Patrícia Acioli é morta a tiros em Piratininga

 

POR ADRIANA CRUZ

Rio - A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi morta a tiros dentro de seu carro, um Fiat Idea Adventure cinza, na porta de casa na localidade de Timbau, em Piratininga, Niterói. De acordo com um primo da vítima que não quis se identificar, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros, por volta das 23h30 desta quinta-feira. Foram disparados pelo menos 15 tiros de pistolas calibres 40 e 45 , sendo oito diretamente no vidro do motorista.
Carro da juíza levou pelo menos 15 tiros | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Patricia Acioli foi a responsável pela prisão de quatro cabos da Polícia Militar e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio no município de São Gonçalo. A quadrilha sequestrava e matava traficantes para depois pedir resgates de R$ 5 mil a R$ 30 mil a comparsas e parentes das vítimas.
Ela também decretou, em janeiro deste ano, a prisão preventiva de seis policiais acusados de forjar auto de resistência na cidade.
Patrícia estava numa 'lista negra' com 12 nomes possivelmente marcados para a morte encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro deste ano em Guarapari (ES). Ele é considerado chefe do grupo de extermínio investigado por pelo menos 15 mortes em São Gonçalo nos últimos três anos.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
O presidente do Tribunal de Justiça, Manoel Alberto Rebelo dos Santos, esteve no local do crime e disse que ela já havia recebido ameaças.
Conhecida pelo seu rigor contra grupos de extermínios formados por PMs, Patrícia Acioli tinha 47 anos e foi a primeira juíza assassinada no Rio de Janeiro. Na hora do crime, ela estava sem seguranças. De acordo com o primo da vítima, na época em que era presidente do TJ, Luiz Zveiter teria tirado a segurança da juíza. Apesar das ameaças sofridas, a escolta não foi recolocada.
Conhecida pelo seu rigor contra grupos de extermínios formados por PMs, Patrícia Acioli tinha 47 anos | Foto: Reprodução Internet
Patrícia Acioli começou sua carreira como defensora pública na Baixada Fluminense. Na época, teve o carro metralhado. Ela exercia a função de juíza há cerca de 20 anos.


Presidente da OAB cobra explicações sobre morte de juíza: 'uma barbaridade'

Rio - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, cobrou nesta sexta-feira a imediata apuração dos autores e mandantes do assassinato da juíza Patrícia Acioli, nesta quinta-feira, em Niterói. Ele afirmou que o crime "foi uma barbaridade contra um ser humano e, sobretudo, contra a Justiça brasileira e o Estado de Direito".
Carro da juíza levou pelo menos 15 tiros | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Ophir afirmou também que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deve explicações para o fato de ter sido retirada a escolta pessoal da Juíza, que era conhecida por seu rigor na atuação contra grupos de extermínios formados por policiais militares e, em consequência, integrava listas negras de marcados para morrer. "O fato de o TJ ter retirado a escolta pessoal que a juíza tinha é algo que precisa de uma explicação por parte daquele Tribunal, sobretudo por parte de seu presidente à época, o desembargador Luiz Zveiter", disse Ophir.

O crime
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi morta a tiros dentro de seu carro, um Fiat Idea Adventure cinza, na porta de casa na localidade de Timbau, em Piratininga, Niterói. De acordo com um primo da vítima que não quis se identificar, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros, por volta das 23h30 desta quinta-feira. Foram disparados pelo menos 15 tiros de pistolas calibres 40 e 45 , sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia Acioli foi a responsável pela prisão de quatro cabos da Polícia Militar e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio no município de São Gonçalo. A quadrilha sequestrava e matava traficantes para depois pedir resgates de R$ 5 mil a R$ 30 mil a comparsas e parentes das vítimas.

Ameaças
Conhecida pelo seu rigor contra grupos de extermínios formados por PMs, Patrícia Acioli tinha 47 anos | Foto: Reprodução Internet
A juíza magistrada estava sendo ameaçada por de milicianos e traficantes. A afirmação foi feita logo após o crime por Humberto Nascimento, primo de Patrícia.

"Ela era considerada uma juíza linha dura, 'martelo pesado' como se chama. Sempre com condenações em pena máxima. Ela condenou gente ligada a máfia do óleo, máfia das vans, milícia de São Gonçalo que estava crecendo absurdamente, policiais envolvidos com desvio, corrupção e tráfico de drogas. Há cerca de três  quatro anos, ela teve a segurança retirada por ordem do presidente do Tribunal de Justiça do Rio da época", afirmou o familiar da juíza, o jornalista Humberto Nascimento, se referindo ao atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), Luiz Sveiter.

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