domingo, 6 de março de 2011

CASO DA PROCURADORA DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA QUE ESTAVA EM FASE DE ADOÇÃO

Testemunha vincula a violência de procuradora contra a criança a práticas de uma seita satânica.


RIO - O Ministério Público estadual denunciou por tortura e pediu a prisão preventiva da procuradora aposentada Vera Lucia de Sant'Anna Gomes, de 66 anos, acusada de agredir uma menina de apenas 2 anos e 10 meses que estava sob sua guarda provisória. Segundo os promotores, entre os dias 17 de março e 14 de abril deste ano Vera Lucia, voluntariamente, submeteu a criança "a intenso sofrimento físico e mental, agredindo-lhe de forma reiterada, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal". A mulher também é acusada de racismo depois de denúncia de duas ex-empregadas domésticas. A Justiça vai decidir se decreta ou não a prisão da procuradora.


Testemunha vincula violência a práticas de seita satânica
Na denúncia encaminhada pelo MP à 32 Vara Criminal da capital, os promotores citam o depoimento de uma testemunha, considerado um relato assustador. A mulher vincula a violência contra a criança a práticas de uma seita satânica. Ela diz ainda acreditar que a menina seria oferecida como um sacrifício a esta seita. Fotos anexadas à denúncia do MP mostram a criança com olhos roxos e inchados.
Aos prantos, menina do caso da procuradora não pôde ser atendidaAos prantos, menina do caso da procuradora não pôde ser atendida (Foto: Marcelo Piu / Ag. O Globo)
Ainda de acordo com o MP, "assim que a menina chegou à residência (de Vera Lucia, em Ipanema), passou a ser alvo diário de incontáveis atos de violência, que ocorriam várias vezes ao dia, tudo sempre presenciado pelos empregados da casa".


Os promotores Homero das Neves Freitas Filho, Márcio José Nobre de Almeida, Marisa Paiva, Claudia Canto Condack e Alexandre Murilo Graça justificaram o pedido de prisão preventiva pela revolta social causada pelos indícios contra Vera Lucia. Além disso, consta nos autos referência à guarda irregular de outro menor deixado pelos pais aos cuidados da procuradora aposentada, e por eles retomado em virtude de maus- tratos. Os promotores também alegaram que, devido à condição econômica da acusada, ela poderia fugir se mantida em liberdade.


O Conselho Tutelar retirou a menina da casa da procuradora e a levou para um abrigo, onde chegou em estado de choque. A avaliação psicológica da criança, que começou nesta terça-feira, precisou ser interrompida. De acordo com o psicólogo, Gilberto Fernandes da Silva, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), a menina evitou qualquer contato com estranhos, chorou muito, e não quis sair de perto das pessoas conhecidas do abrigo onde está.


Ela me evitou completamente, chorava muito, ficou de costas e não tem a menor condição de fazer algum contato
- Ela me evitou completamente, chorava muito, ficou de costas e não tem a menor condição de fazer algum contato nesse sentido. É preciso respeitar os limites dela. A única coisa que ela aceitou foi uma escova de pentear cabelos - contou Gilberto, que só conseguiu ficar cerca de 10 minutos com a criança.


O psicólogo ainda não sabe se vai chamar a criança para outra avaliação. E cogita a possibilidade de ela ser ouvida no próprio abrigo, considerado um ambiente mais familiar, onde a menina se sinta mais segura.


O Globo

Polícia aguarda dados da quebra de sigilo telefônico de Luciene


Rio - O delegado da 60ª DP (Campos Elíseos), Luciano Zahar, espera, para esta sexta-feira, os dados provenientes da quebra de siglo telefônico de Luciene Reis, 24 anos, assassina confessa da menina Lavínia Azeredo de Oliveira, seis anos. Segundo a polícia, os dados poderão ajudar a responder como a menina foi levada da casa e se houve ajuda de terceiros no sequestro da criança.

Avô acredita na participação de outra pessoaO avô de Lavínia, Adão do Carmo de Oliveira, afirmou nesta quinta-feira acreditar que a assassina, Luciene Reis Santana, teve a ajuda de pelo menos uma pessoa para tirar a menina de casa na madrugada de segunda-feira.
A menina Lavínia, de 6 anos, foi tirada da casa da família por Luciene e levada para o Hotel Municipal, localizado no Centro de Duque de Caxias, onde foi morta por asfixia mecânica. O corpo foi encontrado dois dias depois sob a cama de um dos apartamentos com um cardarço enrolado no pescoço e uma toalha branca no rosto.

"Para ela (Luciene) chegar ao quarto da Lavínia ela precisaria da ajuda de alguém. Ela precisaria subir dois lances de escada que fica na parte interna da casa", disse Adão ao programa 'Mais Você', da TV Globo.
A avó de Lavínia, Marta do Carmo, concorda. 'Ela (Luciene) nunca tinha entrado lá (na casa da família), então como ela pôde ir lá no quarto da Lavínia direto assim", afirmou a mulher.
A afirmação dos avôs paternos de Lavínia corrobora com o depoimento prestado por Neide Reis, mãe de Luciene, durante a noite de quinta-feira na 60ª DP (Campos Elíseos). Segundo a mulher, a assassina teria dito que contou com o auxílio de uma pessoa para tirar Lavínia de casa. O nome do cúmplice, no entanto, não foi revelado pela Polícia Civil.

Elogios à mãe de LavíniaO avô de Lavínia afirmou também que não sabia do relacionamento do filho com Luciene, vindo ser comunicado no dia do desaparecimento da neta por vizinhos. "Eu não sabia do relacionamento. No dia em que a Lavínia foi sequestrada, um vizinho me disse para ir procurá-la na casa da Luciene. Quando ela me viu disse que não me conhecia, mas que sabia que eu era o pai do Rony", afirmou.
Muito abatido e com dificuldades para falar, Adão do Carmo fez diversos elogios a Andréia, Mãe de Lavínia, pela força e determinação no caso do desaparecimento e morte da filha. "Andréia me ajudou muito. Ela teve muita força emocional", disse ele, antes de chorar.

Sepultamento sob forte emoção
O corpo da menina foi sepultado na manhã desta quinta-feira sob aplausos, músicas religiosas e muita emoção de aproximadamente 400 familiares e amigos no cemitério Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Muitos cartazes e flores foram colocados próximo ao local do sepultamento como forma de homenagem a Lavínia. A cerimônia ainda contou com a presença da professora, dos alunos e amigos de classe da menina, que foram dispensados das aulas nesta quinta-feira e vestiam camisas pretas. De acordo com o professora, as crianças preparavam uma festa para a menina, pois acreditavam em seu retorno.
Muito abalado, o pai de Lavínia, Rony dos Santos Oliveira, chegou ao cemitério amparado por amigos e não passou bem. Ele ainda tentou permanecer no local, mas foi retirado em decorrência de seu estado de saúde. A mãe da menina, Andréia Azeredo, ainda chegou a consolá-lo.

Especialista comenta casos de Lavínia, Joanna e Isabella


Mortes como a de Lavínia Azeredo de Oliveira têm sido constantes nos noticiários brasileiros. A menina, de 6 anos, desapareceu no dia 28 de fevereiro e foi encontrada morta em um hotel de Duque de Caxias, Baixada Fluminenese, na última quarta-feira (02). No dia seguinte (03), Luciene Reis de Santana confessou à Polícia a autoria do crime. Ela foi amante do pai da menina, Rony dos Santos de Oliveira, e teria cometido o assassinato para se apropriar de R$ 2 mil, que estava guardado na casa da família Oliveira.
O caso da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins é outro exemplo de violência contra crianças. Ela morreu vítima de meningite no dia 13 de agosto de 2010 no Rio de Janeiro. Porém, pode ter sofrido torturas do pai, André Rodrigues Marins, e da madrasta, Vanessa Maia Furtado.
Já a garota Isabella Nardoni morreu, no dia 29 de março de 2008, ao cair do sexto andar do prédio onde morava seu pai, Alexandre Nardoni, e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, em São Paulo. O casal responde judicialmente pelo crime. Segundo a promotoria, Ana Carolina tentou asfixiar a menina e Alexandre jogou-a pela janela.
Para a psicóloga e professora da Universidade de São Paulo, Leila Tardivo, essas três histórias são tristes e revoltantes. "A violência é terrível, e contra a criança fica mais difícil, porque elas não podem se defender", afirma.
Leila Tardivo ainda explica que as pesquisas sobre violência doméstica indicam que houve um aumento, porém a situação pode não ser desfavorável: "Há um aumento de notificações e isso é triste, mas favorável porque se consegue evitar situações como estas."
A psicóloga da Universidade de São Paulo (USP) acredita na possibilidade de evitar a violências familiar deste tipo. " É preciso conscientizar a população. As pessoas devem ser orientadas, e as crianças que sofrem violência precisam receber tratamento, porque situações como estas afetam o desenvolvimento", explica.
A especialista finaliza que melhorias no pré-natal, cursos de conscientização e tratamentos com os envolvidos em violência podem ser medidas de prevenção de crimes contra à criança.

Nany de Castro

Brilho que se apagou antes da chegada aos palcos



Com o sonho de se tornar bailarina profissional, Lavínia já era destaque aos 6 anos e se preparava para ingressar na escolinha de dança do Theatro Municipal
Rio - A pequena Lavínia Azeredo, de 6 anos, assassinada segunda-feira, pela amante do pai, Luciene Reis, de 24, saiu de cena quando se preparava exatamente para subir aos palcos da vida. Aluna de balé clássico e selecionada entre 45 meninas, ela estava sendo lapidada para ingressar, em janeiro do ano que vem, na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.
A instituição, que faz parte da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, é a mais antiga escola de dança do País e o maior celeiro formador de bailarinos profissionais para companhias do Brasil e do exterior. Por lá já passaram personalidades como Bibi Ferreira, Ângela Vieira e Roberta Márquez, hoje a primeira-bailarina do Royal Ballet de Londres.
Há dois anos e meio, Lavínia era uma das 18 alunas da turma preliminar 1 do curso de balé clássico do Projeto Péss, na Apapaf (Associação de Pais e Amigos do Parque Fluminense, em Caxias), instituição voltada para crianças de baixa renda e que funciona próxima à casa onde morava. O vice-presidente da associação, Sérgio Moreno, lembra o primeiro contato com a menina. “A pequena Lavínia era muito inteligente, muito envolvente”, emocionou-se.
“A dona Andréa, mãe de Lavínia, me procurou, dizendo que a filha gostava muito de dançar. Foi a senha para um começo, infelizmente interrompido de forma estúpida, brutal e cruel”, reagiu a professora Simone Merari, de 34 anos, que iniciou a menina na arte de dançar e agora terá de se contentar em guardar como recordação a blusinha e a sapatilha do figurino do último espetáculo, além do arranjo de cabelo que a sua ‘princesinha’ usou na formatura do ano passado.
Em novembro, Lavínia foi aplaudida de pé por 345 pessoas, na plateia do Teatro Raul Cortês, no Centro de Duque de Caxias, onde encenou, como um ‘Pássaro Branco’, a personagem no espetáculo ‘O jardim da Criação’. Ela participou do primeiro e terceiro atos, ficando em cena por 1h50. “Foi uma exibição de gala, inesquecível”, lembra, orgulhosa. Uma imagem que ficará para sempre na lembrança da professora.

Sensibilidade e dedicaçãoNa avaliação da professora, Lavínia era uma criança sensível e carinhosa. “Mas a primeira característica que eu observei e que mais me chamou a atenção nela, como bailarina, foi o fato de ela ser extremamente delicada nos movimentos”, lembra ela, ressaltando que a aluna possuía muita habilidade e o tipo físico apropriado para se destacar na dança.
Simone ressalta que, apesar da idade, a menina demonstrava maturidade. “Ela parecia saber o que queria da vida. Por isso, me dizia sempre: ‘Tia, o meu grande sonho é ser bailarina’”, lembrou, às lágrimas. A dedicação era outra qualidade de Lavínia: “Era uma menina especial, muito educada, comprometida e determinada, que fazia questão de não faltar às aulas e já queria usar sapatilhas de pontas. Com certeza, todo mundo gostaria de ter uma filha assim”.

GERALDO PERELO

menina morta em Duque de Caxias - LAVÍNIA

Pai de menina morta em Duque de Caxias passal mal ao chegar ao cemitério

Rio - Rony dos Santos Oliveira, pai de Lavínia Azeredo de Oliveira, passou mal na chegada ao cemitério Municipal de Duque de Caxias, onde a filha será sepultada nesta quinta-feira. Rony chegou a desmaiar e precisou ser amparado por amigos e parentes.
O corpo da menina Lavínia, morta dentro de um hotel no Centro de Duque de Caxias pela ex-amante do pai, já está no cemitério - o sepultamento está marcado para às 11 horas. A mãe da menina, muitos parentes e amigos já estão no local. Manifestantes chegaram a pedir pena de morte para a assassina.
Foto: Eduardo Naddar / Agência O Dia
Amante do pai de Lavínia, Luciene Reis confessou na delegacia que sequestrou e matou a menina | Foto: Eduardo Naddar / Agência O Dia
Lavínia foi encontrada morta, nesta manhã, sob a cama de um dos apartamentos do Hotel. De acordo com informações colhidas pelos peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Lavínia teria sido morta por asfixia mecânica, já que foram encontradas marcas no pescoço da menina em decorrência de enforcamento causado pela utilização de um cordão de tênis. A menina Lavínia havia sido levada da casa dos pais, no início da semana, e vinha sendo procurada por policiais da 60ª DP (Campos Elísios) onde o caso do desaparecimento era investigado.
Luciene Reis, de 24 anos e mãe de três filhos, já era suspeita e havia negado a autoria do crime quando questionada pela Polícia Civil. Ela acabou presa por volta de 11h30 de quarta-feira, horas depois que o corpo da menina foi descoberto. No início da noite confessou o crime - as autoridades obtiveram imagens do circuito interno de um ônibus que mostram a suspeita conduzindo Lavínia.

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CASO LAVÍNIA - DUQUE DE CAXIAS

RIO- O enterro da menina Lavínia Azeredo de Oliveira, de 6 anos, está marcado para às 11h desta quinta-feira no Cemitério Municipal de Duque de Caxias. O corpo ainda não chegou ao local. A família da criança está no Instituto Médico-Legal (IML) do município para liberar o cadáver. A menina, que estava desaparecida de casa desde segunda-feira, foi encontrada morta nesta quarta-feira em um quarto de hotel no Centro de Duque de Caxias. Ela foi enforcada com um cadarço. A amante do pai da criança é suspeita do crime. Luciene Reis Santana, de 24 anos, está presa.