terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

BEM AVENTURADOS OS PACÍFICOS
Juliano Ribeiro Almeida (24 de janeiro de 2011)
O saudoso papa João Paulo II será beatificado no dia primeiro de maio próximo. Bento XVI, seu sucessor, que trabalhara com ele, como cardeal, durante quase todo o seu pontificado, e fora seu amigo particular, certamente sentiu os odores de santidade que, dizem, emanavam de Karol Wojtyla.
A Igreja, em sua sabedoria e experiência milenar, realiza uma minuciosa investigação na vida de uma pessoa que morra com fama de ter sido santa. Escritos, objetos pessoais, diretores espirituais, amigos, familiares, tudo é pesquisado para se compor um fiel relato do que tenha sido pelo menos a última década de vida terrena do candidato ou candidata.
Comprovadas as virtudes cristãs em grau heróico naquela pessoa, a Igreja submete o processo à providência divina, suplicando a Deus que se digne realizar um sinal milagroso que comprove Sua santa vontade a respeito daquele processo. Então os fiéis podem pedir particularmente graças especiais por intercessão daquele “servo de Deus”. Se alguma graça pedida, alcançada e testemunhada for comprovadamente sem qualquer explicação científica, é considerada um verdadeiro milagre, e segue-se com o processo.
No caso de João Paulo II, uma religiosa francesa foi totalmente curada de Mal de Parkinson, a mesma doença que o próprio Wojtyla carregou durante décadas. Sendo uma doença até agora absolutamente incurável, não havia qualquer outra forma de se justificar aquela mudança no quadro clínico senão atribuindo-a a uma intervenção do sobrenatural. Nesse caso, acreditamos, uma prova de que a alma do Servo de Deus João Paulo II não está na Igreja padecente que se purifica no purgatório, mas já está de fato na Igreja triunfante, no paraíso, contemplando a Deus, adorando-o face a face e podendo suplicar-lhe pela Igreja militante na terra.
João Paulo II não encerrou a sua atividade, não parou de fazer o bem; apenas pode fazê-lo mais plenamente estando no céu. Isso é a santidade: a capacidade de fazer o bem para além dos laços da morte, ilimitadamente. Sendo beatificado, Karol Wojtyla recebe da Igreja o título de “Bem aventurado” – ou “Beato” –, que equivale a uma autorização de culto público. Quer dizer que, a partir de primeiro de maio de 2011, a Igreja não mais reza pela alma de João Paulo II, mas, ao contrário, reza pedindo a intercessão dele junto a Deus. Seu nome entra, assim, nas ladainhas que o povo de Deus entoa.
Não se pode pedir publicamente a intercessão de um morto que não tenha sido beatificado. Não se pode invocar oficialmente, em nome da Igreja Católica, a intercessão de falecidos que ela não tenha primeiramente declarado bem aventurados. A partir da beatificação, prossegue-se com a causa, aguardando do céu mais um milagre, para que se possa passar ao último estágio, que é a canonização, isto é, a inscrição definitiva do bem aventurado na lista oficial dos santos e santas honrados maximamente pela Igreja com o culto de dulia, isto é, veneração. Que o Bem aventurado João Paulo II interceda pela Igreja que ele conduziu como bom pastor ao terceiro milênio. E que muitas graças sejam derramadas por Deus por sua intercessão. Afinal, quem já fez em vida terrena tanto bem a nós, como não nos faria ainda mais em vida eterna e plena?

Juliano R. Almeida é padre católico da diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES

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