quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

PROJETO BOTINHO: HÁ 48 ANOS ENSINANDO CIDADANIA

PROJETO BOTINHO: HÁ 48 ANOS ENSINANDO CIDADANIAPublicado em: 04/01/2011

Texto: Liliandayse Marinho
“Fique tranquilo pai, eu sou um botinho”. A fala dita com orgulho pelo menino Marcio da Silva Monge Júnior, de 8 anos, e sua mudança de comportamento hoje, compenetrado e consciente sobre os perigos e respeito que se deve ter com o mar, fizeram com que seus pais, o analista de sistema Marcio, e a psicóloga Silvana, escrevessem para o 4º Gmar (Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros –RJ), agradecendo a oportunidade de, no ano passado, na primeira turma aberta em julho, o menino não só ter participado como apreendido tanto. Ontem, mais uma vez o menino Marcio estava integrando a turma Golfinho e fazendo parte da equipe de cerca dos 500 inscritos , que participam em Piratininga do Projeto Botinho, que desde 1963, durante o período de férias escolares, ensina a garotada noções de disciplina e de como lidar e enfrentar o mar, com cautela e respeito.
Atendendo a crianças e jovens de 7 a 17 anos, tanto de escolas particulares como públicas, o projeto Botinho começou ontem também na Praia de Icaraí, Piscinão de São Gonçalo, Itaipuaçu, Barra de Maricá e Ponta Negra, além de outras localidades do Rio de Janeiro. Tendo o Corpo de Bombeiros à frente, o projeto Botinho é uma espécie de colônia de férias, para alívio de muitos pais que acabam não tendo opções para os filhos neste período. Só que, ao contrário de somente lazer, a garotada termina o mês de janeiro sabendo como prevenir afogamentos.
Além disso, os “botinhos” terminam o mês com maior consciência ecológica e educação ambiental. Elas aprendem ainda, entre as recreações, como futebol, vôlei e outras atividades esportivas, noções de oceanografia, prevenção e noções de primeiros socorros em casos de possíveis afogamentos.
“É uma colônia de férias onde eles aprendem a prevenir afogamentos e a conhecer o mar. Por isso que a cada ano o número de pessoas é maior”, conta o sargento Sidemar, um dos coordenadores do projeto que só permite três faltas durante o mês e mesmo assim justificadas.
Já animado com a disposição e empenho da garotada, ele avisa que além de todas as atividades diárias que ocorreram ao longo do mês, uma das partes mais emocionantes será no dia 28, quando o helicóptero Águia da Polícia Civil dará apoio a uma simulação de salvamento, que terá como integrante um aluno do Projeto. “Eles gostam e os pais dizem que começam a ver o mar e determinadas noções de vida de forma mais positiva”, afirma Sandimar.
A constatação de como o menino Marcio modificou o comportamento fez com que os seus pais inscrevessem novamente o menino e terem tido a ideia de enviar uma carta elogiando toda a corporação. Paulistas e morando desde o ano passado em Piratininga, até então só haviam acostumado o menino em piscinas.
“Agora ele já nos ensina quando e como devemos entrar no mar, nos mostra onde tem corrente e como nos safarmos de determinadas situações no mar. Hoje ele respeita o mar e sabe se defender”, diz o analista de sistema Marcio.
As amigas Alana Marinho, Isabela Azeredo, Ana Vitória Freitas e Julye Bastos, estudantes do Salesiano Região Oceânica, e Bianca Bueno, do Colégio Gomes Pereira, no início não entenderam bem o que fariam no local, mas bastou primeiro dia de instrução com os bombeiros para adorarem e entenderem que terão um mês bem agitado pela frente e sairão conhecendo muito mais o mar do que agora.
“Acho importante porque elas tem uma opção de se exercitarem durante as férias, e além do mais podem conhecer um pouco mais do trabalho dos bombeiros que são grandes heróis no mar e na terra”, diz a cabeleireira Luciana Pereira dos Santos, mãe de Isabela.
Estudante do Plínio Leite e moradora do Sapê, Tamires Ferreira, de 16 anos, há seis participa do projeto Botinho e não abre mão. “Aqui nós fazemos amigos e aprendemos além de nos exercitarmos. É uma ótima forma de passarmos as férias”, disse Tamires. “Nós também ensinamos aos alunos o respeito pelo próximo e a preservar o meio ambiente, e a conservar as praias, evitando jogar lixo nelas”, completa.
O curso é composto por 20 aulas durante 4 semanas no mês de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 8 às 11hs. Os participantes são divididos em 3 categorias, para o melhor aproveitamento e administração adequada: Golfinho (para crianças de 7 a 10 anos), Moby Dick (de 11 a 14 anos), e Tubarão (de 15 a 17 anos). Os pais e responsáveis dos alunos também auxiliam o projeto e são chamados de Sereias.

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