Paróquia de São Sebastião de Itaipu
A Evangelização através dos Séculos
A Evangelização através dos Séculos
Texto enviado pelo leitor Renan Régi*.
A igreja de São Sebastião de Itaipu data de 1650, quando escravos,índios e jesuítas trabalharam juntos para sua construção, que foi concluída em 1716. Neste momento da história a Igreja de São Sebastião não passava de uma capela jesuítica, que buscava dar melhores condições à assistência catequética aos escravos, índios e pescadores livres.
Segundo a visita pastoral realizada no ano de
Em 1721 por decreto do Rei português foi elevado à condição de Paróquia Independente, como informou o visitador Bento Lobo Gavião, e teve entrada na classe das igrejas perpétuas através do alvará régio de 12 de Janeiro de 1755, tendo como seu primeiro pároco o Pe Manuel Francisco da Costa. Isso significa dizer que até o ano de
O território da freguesia de Itaipu abrangia uma imensa área. Segundo a obra do monsenhor Pizarro, Memórias históricas do Rio de Janeiro, existiam um pouco mais de 100 fogos (residenciais), e mais de 800 almas sujeitas ao sacramento.
Nesta mesma região havia o Recolhimento Santa Tereza, fundado por Manuel da Rocha, a que intitularam do bem comum, com a cooperação do vigário Manuel da Costa e do provisor do Bispado Antônio José dos Reis Pereira e Castro. Era destinado às mulheres que desejavam uma vida recolhida ou a outras, por castigos de culpas. Sua inauguração teve lugar no dia 17 de junho de 1764.
Devido à expulsão dos jesuítas, do território luso-brasileiro, em 1759, através da política do Marquês do Pombal, e pelo fato da Igreja de São Sebastião pertencer ao padroado régio, ou seja, toda a política espiritual da freguesia de Itaipu dependia dos interesses que a coroa Portuguesa possuía. Nesse sentido a Igreja de São Sebastião foi beneficiada, tendo em vista um projeto de colonização português, em que era necessário proteger o litoral, o que fez de Itaipu um lugar estratégico para a defesa de invasões estrangeiras, pois a sua natureza magnífica criou praticamente o único ancoradouro entre o Atlântico e a Baía de Guanabara.
Portanto o incentivo ao povoamento nesta região era essencial e o papel da Igreja de Itaipu, como em todo o território luso-brasileiro, passou a ser não apenas a busca por almas, mas também o de agente deste projeto colonizador, tendo em vista que com a política Pombalina os padres seculares tornaram-se autênticos funcionários da Monarquia.
Itaipu tornou-se uma região próspera. Enquanto as terras entregues a Araribóia, formando a freguesia de São Lourenço, mal conseguiam sustentar, a população que ali vivia, Itaipu exportava vários tipos de gêneros alimentícios para o Rio de Janeiro, não se prendendo apenas à pesca, sua principal atividade. No que tange à atividade eclesiástica, a igreja de São Sebastião conheceu 14 párocos, de 1755 à
Com a Proclamação da República em 1889 e com a separação Igreja/Estado, a administração da igreja de São Sebastião foi entregue ao bispado do Rio de Janeiro, visto que a diocese de Niterói sequer existia.
As famílias da localidade, em sua grande parte fazendeiros, passaram a cuidar da Igreja, que neste período da história, 1897, passou para a jurisdição de São Gonçalo. O então vigário Cônego Ferreira Goulart recomeçou a reforma, que terminou em 20 de fevereiro de 1898.
Em 1908, por escassez de padres que quisessem assumir a administração da igreja, o primeiro bispo de Niterói transferiu a paróquia para a Matriz de N.senhora da Conceição de Jurujuba, o que resultou num completo abandono da mesma. Algum tempo depois a Paróquia de São Sebastião foi anexada à Paróquia do Rio do Ouro.
A igreja de São Sebastião ficou nesta situação de abandono desde 1908 até 20 de agosto de 1977, durante este período alguns sacerdotes, a pedido de particulares, celebravam a santa missa para um pequeno numero de fiéis. Foi no ano de 1977 que o Pe Lúcio Pinho, missionário redentorista, assumiu a Paróquia de Itaipu, por nomeação do Bispo D.José Gonçalves da Costa.
Após 69 anos de abandono, o estado da Igreja era deplorável: telhado quebrado; não havia luz, água; acumulo de detritos; bancos, altares, sacristia e lâmpadas destruídas; ramificações de arvores desciam pelas paredes; quando chovia a água passava pelo telhado e molhava os fiéis. Aquela imponente e importante Igreja de São Sebastião de outrora ficou conhecida por muitos como a "casa mal assombrada".
Desta forma o Pe. Lúcio teve dois objetivos: reconstruir a Igreja de Itaipu e reativar o trabalho social na comunidade. Aos poucos a igreja voltou a ter aspecto de Paróquia, com organização religiosa, administrativa e comunitária. Após um ano de trabalho de Pe. Lúcio Pinho, que já estava reerguendo a Igreja, o Instituto Estadual de Patrimônio Cultural resolveu tombar a igreja, pelo processo E.03/16.511/78.
A luta de Pe.Lúcio para reerguer a Paróquia foi grande, conseguindo em 1979 que o jornal O Globo fizesse e publicasse uma pequena nota dizendo a respeito da precariedade em que se encontrava a igreja e informando que o Pe. Lúcio Pinho, estava iniciando uma campanha destinada a restaurar a igreja, recolhendo doações, que vieram mesmo das famílias que frequentavam a igreja; da festa de São Sebastião, que se tornou uma tradição; e de outras festas, como a festa junina.
Em 1983 os padres poloneses da Sociedade do Apostolado Católico - SAC, palotinos, tomaram posse da paróquia de São Sebastião de Itaipu, sendo que seu primeiro pároco o Pe. João Sopicki. Hoje a igreja tem a graça de ter não um, mas dois sacerdotes para atender as necessidades espirituais dos paroquianos.
Durante esses vinte e seis anos de presença palotina na Paróquia de Itaipu, apesar da paróquia não ter tido um projeto de manutenção e prevenção, foram realizadas diversas reformas. O Pe. Estevão foi o primeiro a ter uma política mais enfática em relação à conservação, realizando obras não apenas da Matriz de São Sebastião, mas também uma reforma externa na capela de N.S. de Bonsucesso, e outra na capela de N. S. da Conceição da Fonte.
O Pe. Tadeu realizou uma obra no terreno da matriz, facilitando o acesso dos carros; a subida de deficientes físicos, através da rampa lateral; e a melhoria nas escadas de acesso a igreja. Porém, a reforma mais significativa foi realizada pelo Pe. João Pedro, concluída em 2002, que teve a paroquiana e arquiteta Liane Cerante Moreira como responsável da obra, em conjunto com o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Seu objetivo não foi realizar uma reforma para apenas tapar os buracos ou pintar a fachada, mas sim para manter a Igreja viva e com seu aspecto colonial.
Desta maneira, podemos comemorar com orgulho os 254 anos da paróquia de São Sebastião, que é a prova viva de que a Igreja não é formada apenas por templos de pedras, mas principalmente por pessoas. Somos nós que fazemos com que a Igreja São Sebastião de Itaipu seja uma paróquia viva e não uma "casa mal assombrada". Portanto vamos comemorar e ensinar às futuras gerações que uma Igreja se faz com trabalho em equipe, onde todos os tipos de trabalho são igualmente importantes. Parabéns.
*O leitor Renan Régi extraiu o texto do escritor Francisco Muller.
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