sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

VIOLÊNCIA CHEGA A REGIÃO OCEÂNICA DE NITERÓI/RJ

Impedir que bandidos se fortaleçam e que os chefões do crime consigam se organizar em comunidades da Região Oceânica, já sob influência de facções criminosas, segundo denúncias, foi um dos objetivos da reunião realizada ontem na sede da Associação dos Moradores do Imbuí, em Piratininga. Independente da guerra que o Governo do Estado, com ajuda federal, tem travado nos últimos dias contra o tráfico, a Câmara de Segurança da RO e associações de moradores, estão preocupadas com os crescentes roubos a residência na região. 

Moradores também se preocupam com o aumento da incidência de traficantes locais e "estrangeiros" em diversas localidades. Pelas denúncias, em comunidades como Caniçal, Inferninho, Boa Esperança, Barreira e Favela da Ciclovia; as cracolândias (áreas para consumo de crack e outras drogas) já são uma realidade e homens fortemente armados vem tirando o sono e a tranquilidade dos então pacatos locais, levando medo à população. 

Na reunião de ontem organizada pela Câmara de Segurança da Região Oceânica, participaram membros do Conselho de Segurança da Niterói, Associações de Moradores, Conselho Comunitário da Região Oceânica, o deputado eleito Felipe Peixoto, o administrador Regional de Piratininga. Fabio Coutinho, e ó Coordenador da 4ª Região Integrada da Secretaria de Segurança Pública do Rio, major Cláudio da Silva Ramos, responsável por Niterói, São Gonçalo, Maricá e Região dos Lagos. 
As estatística do Instituto de Segurança Pública apontam os seguintes números nos meses de junho, julho e agosto para uma redução nos itens acumulados de 2009 a 2010 (de janeiro a agosto) de homicídio doloso (136-115), roubo de veículos (762-530), latrocínio (20-5), roubo a transeunte (2.512-1872). No que se refere a roubo de residência, no entanto, a estatística mostra um pequeno aumento acumulado de 64 para 79. 

Segundo o major Cláudio da Silva Ramos, a Secretaria de Segurança Pública está atenta a todos os índices que são apurados pelo Instituto, que ajudam a definir e avaliar a necessidade de aumento de efetivo e implantação de novas cabines da PM, ou mesmo necessidade de instalação de um novo batalhão.
"Pelos estudos topográficos, censo econômico e toda a análise cientifica que temos acesso, estamos chegando à conclusão que em determinados pontos o policiamento móvel, ou a instalação de treillers, pode ser mais eficaz para um resultado melhor em segurança pública", explicou o Major, dizendo não ter tido conhecimento até aquele momento da instalação e aumento de cracolândias na Região e que repassará a informação para a Secretaria de Segurança. 

"A polícia trabalha com inteligência. É fundamental que a população colabore com a polícia, e através o Disque Denúncia, com informações de qualidade para o mapeamento e para que estratégias sejam traçadas. Uma coisa podemos gárantir: a sensação de medo que a cidade está tendo não reflete os números e estamos de olho", disse o major.
O Presidente do Conselho de Segurança de Niterói, Tião Cidadão, concorda que houve uma diminuição nos indicativos de alguns itens divulgados pelo Instituto de Segurança Pública,.mas admite que existe o medo do que possa vir a ocorrer na cidade, principalmente diante dos acontecimentos do Rio de Janeiro. 

"Nosso medo é que os cri¬minosos consigam se organizar aqui. Apesar de não entrarem nas estatísticas da polícia, nós temos conhecimento através das associações de moradores da migração de bandidos em várias comunidades da cidade. Mesmo que não sejam ainda os chefões, as comunidades conhecem quando chega gente diferente. Nosso medo é eles conseguirem se organizar criminalmente e se fortalecerem a exemplo do que ocorre no Rio", alerta Tião Cidadão. 

O major Cláudio Ramos afirma que a migração sazonal de bandidos de uma comunidade para outra sempre existiu e que em função de todos os acontecimentos e instalação das UPPS no Rio, existe uma espécie de sensação de pânico entre;a população da cidade, que não corresponde ao que realmente vem ocorrendo no município. 

"Independente do que está acontecendo no Rio em outras regiões como Niterói, estão sendo feitas operações paralelas para evitar a fuga desses bandidos. Eles serão acuados no Alemão para não virem para Niterói. A polícia está atenta e não vai permitir o fortalecimento das facções na cidade", disse o coorde¬nador de Segurança. 
Cabine nem sempre tem policiais

O presidente da Câmara de Segurança da Região Oceânica, Renan Lacerda, também presidente da Associação de Moradores do Imbuí, informou que moradores da região querem e cobram das autoridades mais policiamento, independente dos últimos episódios que envolvem a guerra do tráfico. No sub-bairro Vale do Imbuí, mais conhecido como Tibau, há cinco anos é feito um monitoramento de todas as ruas através de 12 câmeras. Renan Lacerda garante que, desde então, já se reduziu em cerca de 50% as ocorrências policiais no local.

"Isso é mais do que uma prova de que com a vigilância é possível conter a violência e o crescimento da criminalidade na região. Precisamos aumentar o efetivo policial sim. Precisamos que a cabine no Trevo de Piratininga realmente tenha policiais. Está lá construída e nem sempre tem gente pois sabemos que os policiais são deslocados para as UPPs ou para dar segurança a autoridades. Temos que conter essa escalada antes que seja tarde", Renan Lacerda. 

O vereador e deputado eleito Felipe Peixoto lembrou que ao longo de 10 anos o efetivo de policiais em Niterói caiu de 1.400 para 700, por conta de transferência de policiais para outras funções, aposentadorias e outros motivos administrativos. "Vamos cobrar do governo essa retomada, mas a população também pode colaborar pedindo e questionando as autoridades para protegermos a cidade. Precisamos cobrar as UPPs para Niterói também", disse Felipe Peixoto.
Fonte: Jornal A Tribuna - Niterói

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